Seja bem-vindo ao Alycia Debnam Carey Brasil, sua maior e melhor fonte brasileira sobre a atriz. Aqui você encontrará informações sobre seus projetos, campanhas e muito mais, além de entrevistas traduzidas e uma galeria repleta de fotos. Navegue no menu abaixo e divirta-se com todo o nosso conteúdo. Esperamos que goste e volte sempre!
Recentemente a revista Story and Rain publicou uma nova entrevista feita com a atriz Alycia Debnam-Carey, junto com um belo photoshoot e um episódio de Podcast. Confira logo abaixo a entrevista completa em portugês:
Tamara Rappa: Como sua exposição precoce às artes influenciou você?
Alycia Debnam-Carey: Cresci em um ambiente muito criativo. Minha mãe era roteirista de programas infantis e meu pai era músico, o que me incentivou bastante desde cedo. Uma das minhas primeiras lembranças é assistir a um documentário sobre Picasso quando eu tinha uns 4 ou 5 anos e ficar obcecada. Minha mãe tinha uma amiga que trazia papel manteiga e carvão para que eu desenhasse. O desenho se tornou uma forma de expressão para mim e, até hoje, se estou muito estressada, volto a desenhar como um meio de foco e meditação.
Minha mãe também me levava para os sets onde trabalhava. Sempre fui uma criança muito determinada e confiante, então me sentia à vontade nesses ambientes. A criatividade é a essência do que sou. Minha atenção se voltou para a música por muito tempo, depois para a atuação, mas também dancei por anos. Tudo isso me ajudou a desenvolver um olhar estético e uma identidade criativa que permeia minha vida.
TR: Qual é o papel da música em sua vida hoje?
ADC: A música sempre foi uma grande paixão. Meu pai tocava os clássicos para mim e isso me marcou profundamente. Eu me envolvi com bandas e orquestras, e também me apaixonei por trilhas sonoras. Faço playlists para diferentes momentos e projetos. Também tenho fases de obsessão, como quando assisti a um documentário do Led Zeppelin e mergulhei no rock clássico.
Embora não dance mais, ultimamente senti vontade de voltar ao balé. Trouxe minhas sapatilhas da casa dos meus pais em Sydney para Los Angeles na esperança de retomar. Também quero voltar a tocar piano, mas minha relação com a música se tornou muito competitiva e acabei me afastando. Agora estou tentando reengajar com esse lado de uma maneira mais leve.
TR: Como tem sido colaborar com marcas de luxo como Dior e Cartier?
ADC: Um sonho. Sempre fui fascinada por moda. Quando tinha 12 anos, comprei minha primeira Vogue e fiquei encantada com aquele universo. Trabalhar com a Dior foi incrível. Visitei o ateliê de Christian Dior em Paris e vi de perto o nível de detalhe e dedicação da marca. A moda é uma forma de expressão tão poderosa e Christian Dior sempre quis que as mulheres se sentissem bem consigo mesmas.
TR: Como você enxerga sua fama na Austrália versus nos Estados Unidos?
ADC: É uma experiência única. Muitos atores australianos acabam construindo suas carreiras nos EUA porque nossa indústria é menor. Durante muito tempo, era conhecida na América, mas não na Austrália. Isso está mudando agora, mas já me gerou reflexões sobre reconhecimento e pertencimento. Meu sonho sempre foi fazer um grande filme australiano, daqueles dramas crus e belíssimos como Animal Kingdom.
TR: Algum aspecto da sua carreira ainda não foi contado?
ADC: Algo que estou cada vez mais animada é a direção. Dirigir um episódio de Fear the Walking Dead foi uma experiência incrível e desafiadora. Quero explorar mais esse caminho, talvez escrevendo meus próprios roteiros para viabilizar projetos. Como atriz, você tem pouco controle sobre o produto final, mas como diretora, pode dar forma à sua visão.
TR: Como você guia sua carreira?
ADC: Tenho uma visão do que quero, mas aprendi que a indústria não é uma meritocracia e nem tudo está sob meu controle. É importante ter metas amplas, como querer dirigir ou protagonizar um filme na Austrália, mas sem se apegar demais aos detalhes do caminho. Aprendi a fluir mais com as oportunidades.
TR: Como você vê o momento atual da televisão?
ADC: Há muito mais espaço para histórias variadas. Antigamente, você fazia um grande filme ou uma série longa. Hoje, roteiros fantásticos atraem até os maiores astros de Hollywood para a TV. Como atriz, é incrível explorar um personagem profundamente sem estar presa a sete temporadas.
TR: O que permitiu que você entregasse performances tão autênticas em papéis intensos?
ADC: Meu foco é encontrar a verdade em cada personagem. Quando a interpretação vem de um lugar autêntico, o público sente isso. Muitas vezes, o que imaginamos que será uma cena emocionante sai de forma inesperada, mas se for verdadeiro, funciona.
TR:Apple Cider Vinegar, baseado na história de Belle Gibson, tem sido um sucesso estrondoso. Por que essa história ressoa tão profundamente com o público?
ADC: Porque é muito mais do que um golpe. O público tem fascínio por crimes reais, mas a história também explora a complexidade das indústrias de saúde e bem-estar. Todo mundo conhece alguém que enfrentou uma doença grave e somos bombardeados por informações contraditórias sobre saúde diariamente. A trama mostra como as pessoas buscam alternativas quando se sentem desamparadas pela medicina tradicional.
TR: Como você compara a indústria do bem-estar na Austrália e nos EUA?
ADC: Na Austrália, o foco é mais na qualidade de vida, na alimentação e no bem-estar físico. Nos EUA, há uma forte presença da indústria farmacêutica e uma grande valorização da terapia. A relação com a comida também é diferente. Na Austrália, há uma cultura alimentar mais natural, enquanto nos EUA, muitos produtos contêm ingredientes processados em excesso.
TR: Interpretar alguém tão gravemente doente afetou sua visão sobre a própria mortalidade, seja ao longo do projeto ou agora, de forma mais ampla, depois de fazer parte dele?
ADC: Eu subestimei o quanto isso me afetaria. Então, sim. Não foi um estado mental fácil de se manter por tanto tempo. Foi emocionalmente muito difícil. Demorei um bom tempo para me desvencilhar disso depois. A forma como isso mudou minha percepção sobre a mortalidade foi me dando mais empatia, compaixão e compreensão pelas pessoas que estão lutando para se recuperar de algo.
TR: Imagino que agora você tenha uma empatia imensa e única por quem realmente passa por algo parecido com o que você retratou em Apple Cider Vinegar…
ADC: …Sim, e também pelas histórias que ouvi. Desde conversas casuais, como com um barista da cafeteria que eu frequentava durante as filmagens, até pessoas que vinham compartilhar experiências pessoais. Ouvi histórias como: “Meu pai passou por isso. Ele foi diagnosticado com câncer e só queria recorrer a um chá peruano específico…”. Existem tantas camadas e complexidades, desde o impacto na família até as consequências mais amplas. Essa experiência me fez perceber o quanto a doença pode ser traumática e abrangente, além de me dar uma nova perspectiva sobre a cultura do bem-estar – como ela pode ser chocante e, às vezes, destrutiva. Há, claro, muitos aspectos positivos, mas o bem-estar se tornou estranhamente ligado à beleza, ao sucesso e à felicidade. Estamos todos imersos nisso. Quantos influenciadores de bem-estar são jovens e lindos, e a mensagem acaba sendo sobre aparência e status? Isso não conta a história completa – e está completamente errado.
TR: Você adota práticas de bem-estar na sua vida?
ADC: Sim, como a maioria das pessoas. E é isso que torna esse assunto tão complicado. Quero sair, tomar uma garrafa de vinho, fumar um cigarro e comer queijo. No dia seguinte, penso: “Hora do suco verde e do yoga”. Estamos todos tentando encontrar equilíbrio. Eu diria que tenho uma relação saudável com o bem-estar. Quero ser o mais saudável possível, e para mim isso envolve manter o corpo em movimento – faço exercícios, pilates, yoga. Também priorizo a saúde mental, porque lido com ansiedade. Para gerenciar isso de forma saudável, escrevo muito em um diário. Como mencionei antes, a arte também me ajuda. Mas, ao mesmo tempo, coloco colágeno no meu smoothie esperando parecer mais jovem por mais tempo. Também há os básicos, como dormir bem e beber bastante água.
É curioso, porque Apple Cider Vinegar se passa na era do girl boss, nos anos 2010, quando o trabalho excessivo e a privação de sono eram vistos como sinais de sucesso. Quanto menos você dormia e mais trabalhava, mais impressionante e importante você era. Hoje, esse conceito foi completamente invertido, e as pessoas finalmente perceberam a importância do descanso.
TR: Morando em Los Angeles, você já conhecia Jordan Younger, influenciadora de bem-estar e apresentadora de podcast mencionada na série, antes de ler o roteiro de Apple Cider Vinegar? Você concorda com a visão dela de que a série difama o bem-estar e a cura holística?
ADC: Acho que essa pergunta é mais para o Sam (criador da série), mas não concordo com essa visão. Esse foi um grande escândalo na Austrália, um marco da cultura pop para nós, algo que já vimos se repetir pelo mundo. Não acho que o Sam tenha feito Apple Cider Vinegar como uma crítica destrutiva. Acho que ele queria explorar um momento muito específico da cultura: o surgimento das redes sociais e o imenso poder que elas trouxeram, sem qualquer tipo de regulamentação. Foi uma época em que as mulheres buscavam novos espaços para se expressar e criar negócios que antes não eram possíveis.
TR: Ótima observação. Foi uma história grande e diferente na Austrália.
ADC: Sim, foi algo muito prejudicial. O que essa pessoa fez foi terrível. Mas, como disse, não acho que a série tenha sido feita como um ataque. O objetivo era capturar esse momento em que a indústria do bem-estar explodiu nas redes sociais, especialmente entre mulheres jovens. O mais fascinante é que nossa história é focada nelas. São quatro mulheres e suas experiências nesse contexto. Eu mesma vivi isso crescendo na era das redes sociais. Lembro de ter criado minha conta no Instagram aos 17 anos, quando tive meu primeiro celular, e como isso mudou nossa forma de viver sem que percebêssemos. Sam quis registrar esse período específico da história da saúde e do bem-estar, por meio da história de uma jovem que enganou o mundo inteiro.
TR: Depois de tantos projetos, você está tirando um tempo para relaxar? O que vem a seguir?
ADC: Estou tentando voltar a uma rotina normal e estruturada. Essa maratona de entrevistas me deu energia e me ajudou a finalizar o roteiro que estou escrevendo.
TR: Isso é incrível! E bom saber que você está aproveitando essa energia criativa.
ADC: Sim, estou me forçando a terminar. Também estou usando esse momento para encontrar meu próximo projeto. Ainda não sei qual será, e essa incerteza é sempre um lugar interessante de se estar. Parte de mim fica ansiosa, mas outra parte pensa: “Qualquer coisa pode acontecer”. E isso é emocionante. Tento sempre me lembrar de abraçar essa incerteza.