Alycia Debnam-Carey, que interpreta Alicia em Fear the Walking Dead da AMC, fala sobre a destruição e a perda que antecederam a final da quarta temporada e para onde sua personagem vai de lá.

P: Como você gostou de contar a história através de flashbacks e mexendo com o tempo?

R: Brincar com o tempo definitivamente tem sido um dos elementos mais divertidos desta temporada… você desenvolve o personagem de duas maneiras diferentes e fica pulando entre o presente e o passado. Ao mesmo tempo, também é muito difícil. Você tem que ficar por dentro de como tornar o personagem diferente… Pareceu muito diferente nesta temporada e nos deu um tipo diferente de profundidade. Para interpretar a história em termos de Madison e Nick… tem sido uma ferramenta muito eficaz. Isso torna ainda mais doloroso como tudo acaba.

P: Quão diferente é a Alicia que estamos vendo agora daquela que conhecemos na primeira temporada?

R: Ela é uma pessoa completamente diferente. Eu acho que ela teve um dos desenvolvimentos mais extremos de todos os personagens. Se você olhar para quem ela era na primeira temporada, ela era apenas uma adolescente que tentava sair da cidade. Você a vê agora e ela é uma concha… essa pessoa. No fundo, acho que ela ainda tem todas essas qualidades, mas perdeu muito da humanidade, da moral, e da ética. Ela está muito brutal e muito destruída depois de tudo o que aconteceu com ela. Tem sido muito legal para mim levá-la para aquele lugar – e isso não termina por aqui. Ela está se desenvolvendo mais conforme avançamos.

P: A primeira metade desta temporada foi levando ao final da metade da temporada. Como foi finalmente chegar a isso? Quais foram alguns dos detalhes práticos, bem como o trabalho emocional, que fez parte de um episódio tão grande?

R: Foi o maior episódio para filmar. Todos nós sabíamos que é isso que estávamos esperando com a morte de Madison e o fim dos flashbacks com o Nick. Isso significou que este foi realmente o fim de uma história e o começo de outro capítulo. Foi o empurrão final para o tornarmos especial e honrar esses personagens e também dizer adeus a eles ao mesmo tempo. Foi muito difícil. Acho que todos sentimos a mesma pressão levando à isto. De certa forma, houve uma sensação de alívio quando terminamos, mas foram todos aqueles meses de emoções e corações partidos em um episódio. Eu acho que pode ser o meu episódio favorito de todos que filmamos. É uma homenagem tão legal e linda para esses personagens. Houve tantos elementos diferentes também. Tivemos efeitos práticos em termos de armas de fogo e treinamento de armas e sequências de dublês. Ao mesmo tempo, houve cenas incrivelmente emocionantes, como a com todos ao redor da fogueira, lembrando o legado de Madison, e a cena em que Morgan está tentando convencer Alicia a não matar Naomi. É muita coisa. Espero que tenhamos feito justiça.

P: Quais são seus pensamentos sobre o lema recorrente de Madison de que “ninguém se vai até que eles se vão”? E como isso permeia toda a temporada, até o final?

R: O lema de Madison continua a aparecer através do desenvolvimento de Alicia. Também ressoa com ela quando ela está naquele impasse com Morgan. Ele diz para ela: “Eu sei que você ainda está aí. Eu vejo sua mãe em você.” Isso é um lembrete para ela do que sua mãe realmente representava. Eu não acho que Alicia pode manter essa crença desde a morte de sua mãe. Eu acho que ela decidiu que não é verdade e que as pessoas precisam pagar por suas ações, mas ela chega a um ponto em que alguém reconhece nela que ainda existe algo bom e que ela pode ser salva mesmo que tudo esteja desmoronando ao seu redor.

P: Madison fez de sua missão preservar a humanidade de seus filhos. Isso é mesmo possível?

R: Eu acho que depende do que você define como humanidade. Existe uma maneira de preservar a moral e a ética, mas acho que suas prioridades só mudam com o tempo. O que conhecemos como moral e ética agora pode não pertencer ao que a moral e a ética são no apocalipse. É o mesmo com qualquer período de tempo na história. É diferente em termos de contexto e circunstâncias. Eu acho que elementos de amor, esperança e perdão ainda existem e são verdadeiros – é por isso que qualquer um dos nossos personagens ainda existem – mas é definitivamente desafiador neste ambiente.

P: À este ponto, Alicia perdeu toda a sua família – pelo menos biologicamente. Ela pode encontrar um sentimento de pertencimento em Luciana e Strand? E quanto a Charlie e June – ou Naomi/Laura?

R: [Risos] É, eu nunca sei como chamá-la!… Embora ela possa ter sido afastada da completa destruição e vingança, Alicia definitivamente não se sente conectada a ninguém. Eu não acho que ela queira estar perto de ninguém… uma parte dela percebe o efeito destrutivo que ela tem em outras pessoas e ela não sabe como lidar com isso. Ela está em um ponto onde ela realmente não gosta de si mesma, o que eu acho que é a coisa mais triste de todas… Estar neste novo grupo de pessoas que ela tentou prejudicar e estar cercada por pessoas que afetaram diretamente sua vida, como Charlie – ela está querendo sair. É um outro nível de perda e tristeza.

 

Fear the Walking Dead retorna com a outra metade da 4ª temporada dia 12 de Agosto.

Tradução e Adaptação, Marina Brancher – ADCBR.

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